terça-feira, 23 de junho de 2009

Indivisíveis


"O meu primeiro amor sentávamos numa pedra
Que havia num terreno baldio entre as nossas casas.
Falávamos de coisas bobas,
Isto é, que a gente grande achava bobas
Como qualquer troca de confidências entre crianças de cinco anos
Crianças...
Parecia que entre um e outro nem havia ainda separação de sexos
A não ser o azul imenso dos solhos dela,
Olhos que eu não encontrava em ninguém mais,
Nem no cachorro e no gato da casa,
Que tinham apenas a mesma fidelidade sem compromisso
E a mesma animal — ou celestial — inocência,
Porque o azul dos olhos dela tornava mais azul o céu:
Não, não importava as coisas bobas que disséssemos.
Éramos um desejo de estar perto, tão perto
Que não havia ali apenas duas encantadas criaturas
Mas um único amar sentado sobre uma tosca pedra,
Enquanto a gente grande passava, caçoava, ria-se, não sabia
Que eles levariam procurando uma coisa assim por toda a sua vida..."

{Mario Quintana}

Um comentário:

  1. Lindo poema de Quintana!
    Quisera que as pessoas entendessem o que é o amor puro, inocente e verdadeiro!
    Hoje as pessoas confundem amor com paixão e acham que tem que dar certo ... mas, cadê a inocência, a pureza, a beleza do amor?
    Paixão é fogo que arde ... até que a lenha toda se queime ... amor é mais pé no chão, equilíbrio, segurança ... não se dá bola pra torcida porque se tem a segurança do amor do outro ... sente-se ...e só!!

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