Muitas pessoas em todo o mundo têm hepatite, porém não sabem. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que mais de 2 bilhões tenham sido infectados por vírus que causam doença e 1 milhão de pacientes morra em decorrência de inflamações no fígado a cada ano. O vírus da hepatite é de 50 a 100 vezes mais infeccioso do que o HIV, causador da Aids.
No Dia Mundial de Combate às Hepatites Virais, lembrado nesta quinta-feira, a OMS chama a atenção para a importância do diagnóstico precoce dessa epidemia silenciosa. Na maioria dos casos, os sintomas não aparecem e, quando ocorrem, pode ser um sinal de que a doença já está na fase crônica. Os sintomas mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômito, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.
— A pessoa não se reconhece doente. Por ser uma doença silenciosa, o diagnóstico é muito difícil — explica o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia Raymundo Paraná.
De acordo com o médico, o consumo de álcool e a obesidade contribuem para evolução mais rápida da doença.
Estima-se que existam 5 milhões de brasileiros infectados pelos vírus B e C da hepatite, segundo as entidades da sociedade civil. Mais de 90% desconhecem ter a doença. De 1999 a 2009, foram confirmados mais de 284 mil casos dos cinco tipos de hepatite (A,B,C,D e E) no país, segundo o Ministério da Saúde. No mesmo período, mais de 20 mil mortes foram registradas, sendo 70% delas devido à hepatite C, a mais agressiva. No Brasil, as mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C.
O desconhecimento da doença aumenta o risco de a inflamação no fígado agravar-se e provocar danos mais graves à saúde, como cirrose ou câncer. Humberto Silva, presidente da Associação Brasileira dos Portadores de Hepatite, defende que os médicos criem o hábito de pedir o teste para identificar a doença precocemente. O exame pode ser feito por meio da coleta de sangue ou biópsia do fígado.
— É preciso que alguém interrompa o ciclo da hepatite. Não se pode esperar que a pessoa descubra sozinha. Eu não sentia nada. A hepatite fica hospedada na pessoa e vai acabando com o fígado dela aos poucos, sem que ela perceba — disse.
Transmissão
As hepatites dos tipos A e E são transmitidas por meio do contato com indivíduo, água ou alimento contaminados pelo vírus, isto é, estes casos estão relacionados com a falta de higiene e de saneamento básico.
Já a transmissão das hepatites B e C ocorre por relação sexual desprotegida, da mãe para o filho durante o parto, pelo uso compartilhado de seringas, lâminas de barbear, alicates de unhas e objetos cortantes, assim como os usados em tatuagem e piercing, e por transfusão de sangue infectado. No caso da C, a infecção pelo sexo sem camisinha é mais rara.
A hepatite D se desenvolve em quem já é portador o vírus da hepatite B e a transmissão é semelhante a do tipo B.
Tratamento e prevenção
O tratamento está disponível na rede pública de saúde, pode ter duração de seis meses a um ano, dependendo do tipo de hepatite. Podem ocorrer efeitos colaterais, como dores musculares e queda de cabelo, mas a taxa de abandono da terapia é baixa. Os medicamentos mais usados são o Interferon (injeção subcutânea) e a Ribavirina (comprimidos). Na rede privada, o tratamento pode chegar a R$ 50 mil.
No entanto, há também formas de prevenção. As vacinas contra as hepatites A e B estão disponíveis em centros de referência imunobiológica e nos postos de saúde, respectivamente. Já contra a hepatite C não existe vacina, mas ela pode ser curada.
Além das vacinas, outras medidas de prevenção podem evitar a infecção pelo vírus, confira:
:: Utilize água potável;
:: Lave bem os alimentos antes de consumi-los;
:: Respeite recomendações relacionadas à proibição de banho em locais impróprios;
:: Use preservativos durante as relações sexuais;
:: Se frequentar estúdios de tatuagem ou manicures, fique atento a esterilização dos materiais utilizados.
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