segunda-feira, 26 de julho de 2010

A fé de uns e de outros



Apoio que as pessoas se manifestem publicamente contra a violência urbana, contra os altos impostos que não são revertidos em benefícios sociais, contra a corrupção, contra a injustiça, contra o descaso com o meio ambiente, enfim, contra tudo o que prejudica o desenvolvimento da sociedade e o bem-estar pessoal de cada um. No entanto, tenho dificuldade de entender a mobilização, geralmente furiosa, contra escolhas particulares que não afetam em nada a vida de ninguém, a não ser aos diretamente envolvidos, caso da legalização do casamento gay, que acaba de ser aprovado na Argentina.




Se dois homens ou duas mulheres desejam viver amparados por todos os direitos civis que um casal hétero dispõe, em que isso atrapalha a minha vida ou a sua? Estarão eles matando, roubando, praticando algum crime? No caso de poderem adotar crianças, seria mais saudável elas serem criadas em orfanatos do que num lar afetivo? Ou será que se está temendo que a legalização seja um estímulo para os indecisos? Ora, a homossexualidade faz parte da natureza humana, não é um passatempo, um modismo. É um fato: algumas pessoas se sentem atraídas – e se apaixonam – por parceiros do mesmo sexo. Acontece desde que o mundo é mundo. E se por acaso um filho ou neto nosso tiver essa mesma inclinação, é preferível que ele cresça numa sociedade que não o estigmatize. Ou é lenda que queremos o melhor para nossos filhos?




No entanto, o que a mim parece lógico, não passa de um pântano para grande parcela da sociedade, principalmente para os católicos praticantes. Entendo e respeito o incômodo que sentem com a situação, que é contrária às diretrizes do Senhor, mas na minha santa inocência, ainda acredito que religião deveria servir apenas para promover o amor e a paz de espírito. Se for para promover a culpa e decretar que quem é diferente deve arder no fogo do inferno, então que conforto é esse que a religião promete? Não quero a vida eterna ao custo de subjugar quem nunca me fez mal. Prefiro vida com prazo delimitado, porém vivida em harmonia.




Sei que sou uma desastrada em tocar num assunto que deixa meio mundo alterado. Daqui a cinco minutos minha caixa de e-mails estará lotada de agressões, mas me concedam o direito ao idealismo, que estou tentando transmitir com a maior doçura possível: não há nada que faça com que a homossexualidade desapareça como um passe de mágica, ela é inerente a diversos seres humanos e um dia será aceita sem tanto conflito. Só por cima do seu cadáver? Será por cima do cadáver de todos nós, tenha certeza. Claro que ninguém precisa ser conivente com o que lhe choca, mas é mais produtivo batalhar pela erradicação do que torna nossa vida ruim, do que se sentir ameaçado por um preconceito, que é algo tão abstrato.




Pode rir, mas às vezes acho que acredito mais em Deus do que muito cristão.




[Martha Medeiros]

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

A alma dos diferentes


Ah, o diferente, esse ser especial!
Diferente não é quem pretenda ser.
Esse é um imitador do que ainda não foi imitado,
nunca um ser diferente.
Diferente é quem foi dotado de alguns mais e de alguns menos em hora,
momento e lugar errados para os outros.
Que riem de inveja de não serem assim.
E de medo de não agüentar, caso um dia venham a ser.
O diferente é um ser sempre mais próximo da perfeição.
O diferente nunca é um chato.
Mas é sempre confundido por pessoas menos sensíveis e avisadas.
Supondo encontrar um chato onde está um diferente, talentos são rechaçados;
vitórias, adiadas; esperanças, mortas.


Um diferente medroso, este sim, acaba transformando-se num chato.
Chato é um diferente que não vingou.
Os diferentes muito inteligentes percebem porque os outros não os entendem.



Os diferentes raivosos acabam tendo razão sozinhos, contra o mundo inteiro.
Diferente que se preza entende o porquê de quem o agride.
Se o diferente se mediocrizar, mergulhará no complexo de inferioridade.


O diferente paga sempre o preço de estar - mesmo sem querer -
alterando algo, ameaçando rebanhos, carneiros e pastores.
O diferente suporta e digere a ira do irremediavelmente igual,
a inveja do comum, o ódio do mediano.


O verdadeiro diferente sabe que nunca tem razão,
mas que está sempre certo.


O diferente começa a sofrer cedo, já no primário,
onde os demais, de mãos dadas,
e até mesmo alguns adultos, por omissão,
se unem para transformar o que é peculiaridade e potencial
em aleijão e caricatura.


O que é percepção aguçada em:
"Puxa, fulano, como você é complicado".
O que é o embrião de um estilo próprio em:
"Você não está vendo como todo mundo faz?"


O diferente carrega desde cedo apelidos
e marcações os quais acaba incorporando.
Só os diferentes mais fortes do que o mundo se transformaram
(e se transformam) nos seus grandes modificadores.

Diferente é o que vê mais longe do que o consenso.
O que sente antes mesmo dos demais começarem a perceber.
Diferente é o que se emociona enquanto todos em torno, agridem e gargalham.
É o que engorda mais um pouco;
chora onde outros xingam;
estuda onde outros burram.
Quer onde outros cansam.
Espera de onde já não vem.
Sonha entre realistas.
Concretiza entre sonhadores.
Fala de leite em reunião de bêbados.
Cria onde o hábito rotiniza.
Sofre onde os outros ganham.
Diferente é o que fica doendo onde a alegria impera.
Aceita empregos que ninguém supõe.
Perde horas em coisas que só ele sabe importantes.
Engorda onde não deve.
Diz sempre na hora de calar. Cala nas horas erradas.
Não desiste de lutar pela harmonia.
Fala de amor no meio da guerra.
Deixa o adversário fazer o gol, porque gosta mais de jogar do que de ganhar.


Ele aprendeu a superar riso, deboche, escárnio,
e consciência dolorosa de que a média é má porque é igual.
Os diferentes aí estão: enfermos, paralíticos, machucados, engordados,
magros demais, inteligentes em excesso, bons demais para aquele cargo,
excepcionais, narigudos, barrigudos, joelhudos, de pé grande, de roupas erradas,
cheios de espinhas, de mumunha, de malícia ou de baba.
Aí estão, doendo e doendo,
mas procurando ser, conseguindo ser, sendo muito mais.



A alma dos diferentes é feita de uma luz além.
Sua estrela tem moradas deslumbrantes
que eles guardam para os pouco capazes de os sentir e entender.
Nossas moradas estão tesouros da ternura humana.
De que só os diferentes são capazes.
Não mexa com o amor de um diferente.
A menos que você seja suficientemente forte para suportá-lo depois.
{Artur da Távola}

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Vida é movimento

'Viver é uma oportunidade única!
Uma jornada individual que se reinicia todos os dias,
repleta de escolhas e possibilidades.
O bom aprendiz caminha atento e agradece ao acordar a cada manhã,
enxerga a beleza que se disfarça na simplicidade onde flui a paz,
entende que os resultados de hoje foram as opções de ontem,
aprende a se refazer nas pequenas conquistas,
aprecia o hoje antes do incerto amanhã,
porque sabe que não é o tempo que passa, mas nós quem passamos...
Vida é movimento e saber viver é uma arte...
Há uma longa distância entre sentir-se vivo e apenas existir.
O mundo interior dá sinais de alerta,
mas a rotina exterior o contesta.
Seguimos na confusão da vida
sem notar quando começamos a nos perder de nós mesmos,
até que venha a saudade num dia qualquer,
para nos lembrar de como éramos...


Assim, começa para muitos a busca íntima do resgate pessoal.
Para manter o rumo durante o percurso não basta determinação,
tem que ter coragem, saber arriscar e ousar.
Pedras atrapalham, mas também nos ensinam porque surgiram;
nem sempre se pode removê-las,
mas contorná-las é possível desde que os olhos se mantenham no horizonte,
onde estão as metas, sonhos e ideais.
Recomeçar sempre que for preciso é permitir-se uma nova chance.
Datas não servem para marcar o início, apenas para protelar.
O melhor momento para o que deve ser feito é e sempre será “agora”.
Quem espera não realiza, apenas se deixa levar...
Aproveite seu caminho a cada passo, sinta-se livre em si mesmo,
redescubra o prazer e a leveza em simplesmente ser.
Cultive a paz no espírito e relacione-se com seu Criador,
porque ele acredita em você...enquanto o mantém respirando.
No fundo o que importa...,
“é fazer valer a pena”!'

{Mônica Comenale}

sábado, 15 de agosto de 2009


"De todos os dons com que a natureza abençoou os seres humanos,
uma boa gargalhada deve sempre estar no topo da lista."

(Norman Cousins)
Permite que a tua vida se desenrole naturalmente.
Sabe que também ela é um veículo de perfeição.


Da mesma forma que inspiras e expiras,
há um tempo para estar à frente e um tempo
para ser último,
Um tempo para estar em movimento e um tempo
para descansar,
Um tempo para ser vigoroso e um tempo
para estar exausto,
Um tempo para estar a salvo e um tempo
para estar em perigo.


Para o sábio,
toda a vida é movimento
em direção à perfeição;
Assim, que necessidade tem do excessivo,
do extravagante ou do extremo?

Lao-Tzu
estes que vivem atormentados
buscando saber a origem da vida
parecem-me
(e com todo respeito, eu digo)
um tanto mal agradecidos

presente é presente
aceite!
e sorria...
(essa é a melhor maneira de entender a vida)

{Sabrina}

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O normal de cada um tem que ser original.


'Todo mundo quer se encaixar num padrão.


Só que o padrão propagado não é exatamente fácil de alcançar. O sujeito "normal" é magro, alegre, belo, sociável, e bem-sucedido. Bebe socialmente, está de bem com a vida, não pode parecer de forma alguma que está passando por algum problema. Quem não se "normaliza", quem não se encaixa nesses padrões, acaba adoecendo.


A angústia de não ser o que os outros esperam de nós gera bulimias, depressões, síndromes do pânico e outras manifestações de não enquadramento. A pergunta a ser feita é: quem espera o quê de nós?
Quem são esses ditadores de comportamento a quem estamos outorgando tanto poder sobre nossas vidas?


Eles não existem. Nenhum João, Zé ou Ana bate à sua porta exigindo que você seja assim ou assado. Quem nos exige é uma coletividade abstrata que ganha "presença" através de modelos de comportamento amplamente divulgados.


Só que não existe lei que obrigue você a ser do mesmo jeito que todos, seja lá quem for todos. Melhor se preocupar em ser você mesmo.


A normose não é brincadeira.


Ela estimula a inveja, a auto-depreciação e a ânsia de querer o que não se precisa. Você precisa de quantos pares de sapato? Comparecer em quantas festas por mês? Pesar quantos quilos até o verão chegar? Freqüentar terapeuta para bater papo? Não é necessário fazer curso de nada para aprender a se desapegar de exigências fictícias.


Um pouco de auto-estima basta.


Pense nas pessoas que você mais admira: não são as que seguem todas as regras bovinamente, e sim, aquelas que desenvolveram personalidade própria e arcaram com os riscos de viver uma vida a seu modo. Criaram o seu "normal" e jogaram fora a fórmula, não patentearam, não passaram adiante.


O normal de cada um tem que ser original.


Não adianta querer tomar para si as ilusões e desejos dos outros. É fraude. E uma vida fraudulenta faz sofrer demais.
Eu simpatizo cada vez mais com aqueles que lutam para remover obstáculos mentais e emocionais, e a viver de forma mais íntegra, simples e sincera. Para mim são os verdadeiros normais, porque não conseguem colocar máscaras ou simular situações. Se parecem sofrer, é porque estão sofrendo. E se estão sorrindo, é porque a alma lhes é iluminada.


Por isso divulgo o alerta: a normose está doutrinando erradamente muitos homens e mulheres que poderiam, se quisessem, ser bem mais autênticos e felizes.'


{Entrevista do professor Hermógenes sobre o ser humano estar sofrendo de normose, a doença de ser normal. Leia mais sobre o pensamento desse professor no link: http://www.yoga.pro.br/artigos.php?cod=188&secao=3015}