sábado, 23 de maio de 2009

Para quem quer aprender a gostar

{Artur da Távola}

Talvez seja tão simples, tolo e natural que você nunca tenha parado para pensar: aprenda a fazer bonito o seu amor. Ou fazer o seu amor ser ou ficar bonito.

Aprenda, apenas, a tão difícil arte de amar bonito. Gostar é tão fácil que ninguém aceita aprender.


Tenho visto muito amor por aí. Amores mesmo, bravios, gigantescos, descomunais, profundos, sinceros, cheios de entrega, doação e dádiva. Mas esbarram na dificuldade de se tornar bonitos. Apenas isso: bonitos, belos ou embelezados, tratados com carinho, cuidado e atenção. Amores levados com arte e ternura de mãos jardineiras.

Aí esses amores que são verdadeiros, eternos e descomunais, de repente se percebem ameaçados apenas e tão somente porque não sabem ser bonitos: cobram; exigem; rotinizam; descuidam; reclamam; deixam de compreender; necessitam mais do que oferecem; precisam mais do que atendem; enchem-se de razões.

Ter razão é o maior perigo no amor. Quem tem razão sempre se sente no direito (e o tem) de reinvindicar, de exigir justiça, eqüidade, equiparação, sem atinar que o que está sem razão talvez passe por um momento de sua vida no qual não possa ter razão. Nem queira.

Ter razão é um perigo: em geral enfeia um amor, pois é invocado com justiça, mas na hora errada.
Amar bonito é saber a hora de ter razão.

Ponha a mão na consciência. Você tem certeza de que está fazendo o seu amor bonito? De que está tirando do gesto, da ação, da reação, do olhar, da saudade, da alegria, do encontro, da dor, do desencontro, a maior beleza possível? Talvez não.

Cheio ou cheia de razões você espera do amor apenas aquilo que é exigido por suas partes necessitadas, quando talvez dele devesse pouco esperar, para valorizar melhor tudo de bom que de vez em quando ele pode trazer. Quem espera mais do que isso sofre, e sofrendo deixa de amar bonito. Sofrendo, deixa de ser alegre, igual, irmão, criança. E sem soltar a criança, nenhum amor é bonito.

Não tema o romantismo. Derrube as cercas da opinião alheia. Faça coroas de margarida e enfeite a cabeça de quem você ama. Saia cantando e olhe alegre. Recomenda-se: encabulamentos; ser pego em flagrante gostando; não se cansar de olhar, e olhar; não atrapalhar a convivência com teorizações; adiar sempre, se possível com beijos, "aquela conversa importante que precisamos ter"; arquivar se posível, as reclamações pela pouca atenção recebida. Para quem ama, toda atenção é sempre pouca.

Quem ama feio não sabe que pouca atenção pode ser toda a atenção possível. Quem ama bonito não gasta o tempo desta atenção cobrando a que deixou de ter.

Não teorize sobre o amor (deixe isso para nós, pobres escritores que vemos a vida como a criança de nariz encostado na vitrina cheia de brinquedos dos nossos sonhos): não teorize sobre o amor; ame. Siga o destino dos sentimentos aqui e agora.

Não tenha medo exatamente de tudo o que você teme, como: a sinceridade; não dar certo; depois vir a sofrer (sofrerá de qualquer jeito); abrir o coração; contar a verdade do tamanho do amor que sente.

Jogue pro alto todas as jogadas, estratagemas, golpes, espertezas, atitudes sabidamente eficazes (não é sábio ser sabido): seja apenas você no auge de sua emoção e carência, exatamente aquele você que a vida impede de ser. Seja você cantando desafinado, mas todas as manhãs. Falando besteira, mas criando sempre. Gaguejando flores. Sentindo o coração bater como no tempo do Natal infantil. Revivendo os carinhos que intuiu em criança. Sem medo de dizer eu quero, eu gosto, eu estou com vontade.

Talvez aí você consiga fazer o seu amor bonito, ou fazer bonito o seu amor, ou bonitar fazendo o seu amor, ou amar fazendo o seu amor bonito (a ordem das frases não altera o produto), sempre que ele seja a mais verdadeira expressão de tudo que você é, e nunca: deixaram, conseguiu, soube, pode, foi possível, ser.

Se o amor existe, seu conteúdo já é manifesto. Não se preocupe mais com ele e suas definições. Cuide agora da forma. Cuide da voz. Cuide da fala. Cuide do cuidado. Cuide do carinho. Cuide de você.

Ame-se o suficiente para ser capaz de gostar do amor e só assim poder começar a tentar fazer o outro feliz.
(imagens da net)

Ajuda-te, ajuda


Vale assistir:

Rever valores, conceitos, a vida... Não para se resignar, jamais! Mas para reconhecer o quão privilegiados somos e reavivar a força pra seguirmos na mais ferrenha luta do dia-a-dia: com nós mesmos. (Até porque, quem realmente tem motivos pra reclamar, não tem tempo pra isso, tem de buscar soluções!)
(imagem da net)

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Rabiscando

Nossos labirintos...
onde me perco e me encontras;
onde te perdes e te encontro.
Onde vamos aprendendo o caminho da saída:
do teu, sou eu;
do meu, és tu.

{ambos rabiscos by me}

Aprendendo a desaprender


Passamos a vida inteira ouvindo os sábios conselhos dos outros. Tens que aprender a ser mais flexível, tens que aprender a ser menos dramática, tens que aprender a ser mais discreta, tens que aprender... praticamente tudo.



Mesmo as coisas que a gente já sabe fazer, é preciso aprender a fazê-las melhor, mais rápido, mais vezes. Vida é constante aprendizado. A gente lê, a gente conversa, a gente faz terapia, a gente se puxa pra tirar nota dez no quesito "sabe-tudo". Pois é. E o que a gente faz com aquilo que a gente pensava que sabia?


As crianças têm facilidade para aprender porque estão com a cabeça virgem de informações, há muito espaço para ser preenchido, muitos dados a serem assimilados sem a necessidade de cruzá-los: tudo é bem-vindo na infância. Mas nós já temos arquivos demais no nosso winchester cerebral. Para aprender coisas novas, é preciso antes deletar arquivos antigos. E isso não se faz com o simples apertar de uma tecla. Antes de aprender, é preciso dominar a arte de desaprender.


Desaprender a ser tão sensível, para conseguir vencer mais facilmente as barreiras que encontramos no caminho. Desaprender a ser tão exigente consigo mesmo, para poder se divertir com os próprios erros. Desaprender a ser tão coerente, pois a vida é incoerente por natureza e a gente precisa saber lidar com o inusitado. Desaprender a esperar que os outros leiam nosso pensamento: em vez de acreditar em telepatia,é melhor acreditar no poder da nossa voz. Desaprender a autocomiseração: enquanto perdemos tempo tendo pena da gente mesmo, os dias passam cheios de oportunidades.


A solução é voltar ao marco zero. Desaprender para aprender. Deletar para escrever em cima. Houve um tempo em que eu pensava que, para isso, seria preciso nascer de novo, mas hoje sei que dá pra renascer várias vezes nesta mesma vida. Basta desaprender o receio de mudar.


{Martha Medeiros}

terça-feira, 19 de maio de 2009

Gota



"Brinca no mundo da imaginação,

Que nenhum outro mundo contradiz!"


{Miguel Torga}
(imagem da net)

Hoje e amanhã

O meio termo já não me satisfaz.
Nem pessoas máximas vazias
Nem as ínfimas cheias de mais.
Se por isso me sentencias
Se não me compreendes mais
Digo-te novamente:
É a essência que busco!
Um coração cheio de gente
E não gente cheia de razão.
Quero a carne o osso, a alma
Quero tudo intensamente.
Quero dessa louca vida calma
Desde o fruto
Até a semente!

{Carolina Salcides}
(imagem da net)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cada qual...

“Às vezes penso que se fosse uma magnólia quereria ser uma laranjeira, se fosse uma águia quereria ser um cavalo ou se fosse quadro quereria ser uma fotografia. Esqueço-me que devo ser o que sou. Pela evidência de ser o único que tenho e posso ser e, porque, só quando gostar disso é que posso tocar a felicidade e passá-la.


Fico a pensar que perdemos demasiado tempo em querer dar laranjas, em galopar velozmente ou em ser o flash de um instante supremo. Quando, na verdade, o que podemos fazer é chegar a dar muitas e belas flores, voar cada vez melhor ou tornarmo-nos até num Rembrandt.



Cada qual deve acabar por pegar na própria vida nos braços e beijá-la. ” {Arthur Miller}



Isso parece ser óbvio, porém, na prática, não é o que ocorre. Geralmente as pessoas se moldam e/ou se projetam nos outros, seja por invejar, seja para transferir responsabilidades, seja para parecer o outro, pra conquistar, pra manter… “n” motivos, conscientes ou não. Criam máscaras, personagens. Tornam-se insatisfeitas. E esquecem de conhecer a si mesmas e descobrirem o vasto universo que são. E só com isso, e tendo consciência de que cada ser é único e que todos somos (ainda bem) diferentes, é que se será inteiro, é que se terá as rédeas da própria vida, é que se conseguirá ter relações (em que nível for) saudáveis, autênticas, enfim, se conseguirá evoluir!
(imagem da net)

Para refletir

"Um dia, Svetlana teve sua grande chance. Conseguira uma audiência com Sergei Davidovitch, Ballet Master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a Companhia. Dançou como se fosse seu último dia na Terra. Colocou tudo que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único compasso. Ao final, aproximou-se do Master e lhe perguntou: 'Então, o senhor acha que eu posso me tornar uma Gran Ballerina?'

Desde pequena Svetlana só tinha conhecido uma paixão: dançar e sonhar em ser uma Gran Ballerina do Ballet Bolshoi. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra actividade. Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Svetlana tinha lugar para somente uma paixão e tudo mais era sacrificado pelo dia em que se tornaria bailarina do Bolshoi.

Na longa viagem de volta a sua aldeia, Svetlana, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele 'Não' deixaria de reverberar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha. Ou fazer seu alongamento em frente ao espelho.
Dez anos mais tarde Svetlana, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o Sr. Davidovitch ainda era o Ballet Master. Após o concerto, aproximou-se do cavalheiro e lhe contou o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto doera, anos atrás, ouvir-lhe dizer que não seria capaz.
- Mas minha filha, eu digo isso a todas as aspirantes – respondeu o Sr. Davidovitch
- Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu dediquei toda minha vida! Todos diziam que eu tinha o dom. Eu poderia ter sido uma Gran Ballerina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!
Havia solidariedade e compreensão na voz do Master, mas ele não hesitou ao responder:
- Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar seu sonho pela opinião de outra pessoa." {Conto Popular}
(imagem by me)

Uma curiosidade...

… apanhada por aí, enredada pelo post anterior:

“Na busca por novos materiais o homem ainda não conseguiu fabricar algo tão formidável como a teia de aranha, um material seis vezes menos denso que o aço, mas 25 vezes mais resistente e com o dobro da elasticidade do nylon. Entretanto – com o avanço da biociência – institutos de pesquisa, governos e empresas de biotecnologia vêm buscando formas de sintetizar o produto e utilizá-lo em larga escala.” (Celso Calamita)
“A teia é um candidato ideal para elaborar fio de sutura, já que tem propriedades antimicrobianas, elasticidade e resistência e não se dissolve com o álcool”, assegurou Gómez.
“Quantas vezes complicamos a vida ao buscar soluções ’sintéticas’ para nossos problemas, quando a natureza nos oferece a maioria dos remédios de que precisamos”.

(Alexandra Goméz, Faculdades de Engenharia Ambiental e Engenharia Química da Universidade de Veracruz, México)

Rabiscando




Pela teia
a aranha navega
a poesia na veia.



De vez em quando postarei alguns rabiscos meus. Identifico assim porque não tenho a pretensão de chamar poemas. São “surtos” ocasionais, mais pra consumo restrito. Um momento de expressão. E como tudo que vem de dentro, do sentir, penso que não deva ser definido, encapsulado numa palavra que, na maioria das vezes, enseja “análise técnica”. Palavras, músicas, imagens… mexem ou não mexem conosco. Que eu consiga “rabiscar” um pouco aí dentro, rs.
(imagem da net)

domingo, 17 de maio de 2009

Aprochegando...



… reconhecendo o local, observando, sentindo o ambiente. Como disse um compadre meu: “começar um blog não é uma tarefa simples”. E estou começando por sugestão dele. BeiJoe!



Fluir é um dos verbos que gosto. Assim, vou fluindo por aqui, deixando os dedos correrem o teclado com espontaneidade, autenticidade e alegria, trazendo uma mistura, uma miscelânea, um “mexidão” que espero seja daqueles bem saborosos. Pretendo postar textos, imagens, músicas (que ainda não sei se é possível aqui). Com os devidos créditos. O que não tiver, peço que, quem souber, informe.


Seja bem-vindo(a)! E muitos beijoaninhas pra ti!